segunda-feira, 11 de setembro de 2023
ARAPONGA
domingo, 18 de junho de 2023
FAVEIRO DE WILSON
domingo, 23 de abril de 2023
GUIGÓ DE COIMBRA FILHO
(foto: Eduardo Lacerda\TG) |
Nome popular: Guigó-de-coimbra-filho.
Tamanho: Até 83 centímetros
Local onde é encontrado: No Estado do Sergipe e no norte da Bahia, na região nordeste do Brasil
Habitat: Fragmentos de Mata Atlântica
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!
O grito do Guigó já assusta, pois é bem alto. Mas quando macho e fêmea soltam a voz juntos para defender seu território, melhor tapar os ouvidos. Eles formam um dueto que grita bem alto na floresta. Uma forma de assustar os grupos invasores.
O Guigó-de-coimbra-filho é uma das mais recentes espécies de primatas descobertos. Foi descritas pelos cientistas em 1999 e batizada em homenagem a um ilustre primatólogo brasileiro Aldemar Coimbra Filho.
Esse pequeno primata vive em grupos que variam entre dois e cinco indivíduos. Quando adultos, além de cantarem em dupla, gostam de viver juntos por toda a vida e criar seus filhotes. Em geral, esta espécie tem apenas um filhote por ano. A gestação dura cerca de seis meses e, quando o bebê Guigó nasce, é o macho quem o carrega. A fêmea amamenta o filhote até os seis meses de idade e, depois disso, o pequeno primata já é considerado independente.
É na floresta que vive o Guigó-de-coimbra-filho, em um espaço chamado extrato médio, que fica em uma altitude de cinco a nove metros. Ali, pendurados nos galhos, eles gostam de descansar a maior parte do tempo. Preferem comer frutas, mas costumam consumir também folhas, sementes, flores e alguns insetos.
A derrubada da floresta para a criação de gado e agricultura e os constantes incêndios são as razões da diminuição do espaço que esse pequeno Guigó precisa para viver.
Ramon Ventura
João Pedro Souza-Alvez
Laboratório de Biologia da conservação
Universidade Federal de Sergipe
Revista CHC.
sexta-feira, 21 de abril de 2023
CASCUDO
Tamanho: Até 14 centímetros
Local onde é encontrado: Mata Atlântica
Habitat: Riachos costeiros do Estado do Rio de Janeiro
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!
Ele é forte. Seu corpo é coberto por placas ósseas, gosta de viver em meio às correntezas de riachos localizados em áreas de Serra de Mata Atlântica. Boa parte do tempo ele passa pastando no fundo desses riachos. Opa! Opa! Opa! Estava indo tudo muito bem, mas essa história de pastar debaixo d 'água…
Pois é, caro leitor, por mais estranho que pareça, estamos falando de um peixe que tem o hábito de pastar. Explicando melhor, ele usa sua boca grande, larga e cheia de dentes miúdos para raspar as algas que crescem no fundo desses cursos d'água. Nesse movimento, consegue capturar também alguns insetos aquáticos, outro item de sua alimentação.
Assim é a vida do Cascudo Pareiorhaphis garbei, espécie rara e ameaçada!
Machos e fêmeas desta espécie são bem diferentes. O macho tem longo espinhos na lateral da cabeça e no início das nadadeiras peitorais, que não são encontrados nas fêmeas. Em relação à reprodução, os pesquisadores sabem tão pouco sobre esta espécie que sequer descobriram a época do ano em que as fêmeas desovam.
No rio Macaé, um dos poucos lugares onde é encontrado, este cascudo enfrenta uma grande ameaça à sua sobrevivência: A companhia das Trutas-Arco-Íris. Esses peixes exóticos - ou seja, que originalmente não pertencem a nossa fauna - são predadores vorazes e, por isso, representam perigo ao cascudo.
As Trutas-Arco-Íris foram introduzidas no Brasil há mais de 60 anos, para servir de estímulo à pesca esportiva e promover a piscicultura, ou seja, o cultivo dos peixes para o consumo humano. Desde então, tem causado uma série de problemas ambientais. Este fato nos mostra que ameaça de extinção não resulta apenas na destruição de habitat ou da caça ilegal. Inclui outros fatores para os quais os órgãos responsáveis pelo meio ambiente precisam estar atentos.
Ramon Ventura
Jean Carlos Miranda
Departamento das ciências exatas, biológicas e da terra
Universidade Federal Fluminense
Sergio Maia Queiroz Lima
Departamento de Botânica, zoologia e ecologia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Henrique Lazzarotto
Departamento de ecologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Revista CHC.
quarta-feira, 12 de abril de 2023
RATO DO CACAU
Nome popular: Rato-do-cacau ou Saruê-bejú
Nome científico: Callistomys pictus.
Tamanho: 52 a 61 centímetros de comprimento (incluindo a cauda)
Local onde é encontrado: Mata atlântica do sul da Bahia
Habitat: Florestas
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!
E entre um cacaueiro e outro que vive o Rato-do-cacau. Uma espécie típica do sul da Bahia, região onde crescem plantações da saborosa fruta, que é matéria-prima de uma iguaria ainda mais gostosa, o chocolate!
O Rato-do-cacau é muito arisco, e os pesquisadores sofrem para observá-lo. Ele se esconde muito bem na cabruca, ambiente formado pela mistura de cacaueiros e outras espécies de plantas. É quando a noite chega que o Rato-do-cacau sai pela mata, para procurar folhas e frutos. E, ao perceber que está sendo observado, se esconde novamente, principalmente nos ocos das árvores e nas bromélias que crescem no mato.
Essa dificuldade em observar o Rato-do-cacau faz com que os pesquisadores saibam pouco sobre a espécie. As técnicas de observação que os cientistas usam com outros mamíferos - como atraí-los com alimentos - não funcionam com ele. Sobre sua reprodução, os pesquisadores suspeitam de que cada fêmea tenha apenas um filhote por ano.
Talvez seja a falta de lugar para morar a maior ameaça ao Rato-do-cacau, pois quase toda a floresta nativa do sul da Bahia, onde vive o roedor, já foi desmatada. Boa parte do que resta está nas cabrucas, que estão sendo derrubadas para dar lugar as pastagens.
O Rato-do-cacau resistirá apenas se ajudarmos a preservar o que resta das florestas baianas. Espalhe essa ideia!
Ramon Ventura
Henrique Caldeira Costa
Instituto de ciências biológicas
Universidade Federal de Viçosa - Campus florestas
Revista CHC.
sábado, 8 de abril de 2023
GALITO
(Foto: WikiAves) |
Nome científico: Alectrurus tricolor.
Nome Popular: Galito.
Tamanho: Fêmeas medem de 12 a 13 centímetros de comprimento, aproximadamente, e machos podem chegar a 19 centímetros.
Local onde é encontrado: Predominantemente no Cerrado, tendo sido registrado mais recentemente no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, Goiás e no Mato Grosso do Sul.
Habitat: Campos abertos, onde pode se equilibrar em finos ramos, nos cerrados brasileiro.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!
Parente menos famoso do Bem-te-vi, que pelo canto você deve conhecer, o Galito também tem lá suas habilidades. Faz malabarismos no ar, como um pequeno avião. Não é o máximo?
A exibição aérea geralmente ocorre quando ele sai em busca de alimento. Mira suas presas - sejam mariposas, borboletas, libélulas, gafanhotos, moscas ou abelhas - e vruuum!!! mergulham no ar para capturá-las numa bicada certeira.
Há diferenças marcantes entre entre os Galitos macho e fêmea. O macho tem a cauda negra em forma de leque e o corpo apresenta um desenho branco em forma de "V" no dorso e um faixa peitoral negra incompleta. Já a fêmea é parda, com a região da garganta branca e asas e cauda mais escuras.
Na época reprodutiva, a cauda do Galito macho se torna mais avantajada, favorecendo as curiosas manobras que faz no ar para atrair a fêmea. A cauda chega a formar um angulo de 90º com o corpo e o espetáculo no céu é bonito de se ver.
Quando formam um casal, a fêmea assume muitos afazeres: constrói com capim seco o ninho em forma de taça diretamente no solo, escondido em meio às gramíneas altas. Os filhotes saem do ninho após 13 dias de nascidos. Ficam camuflados na vegetação, sendo alimentados e protegidos pela mãe até que consigam realmente voar.
O ambiente natural do Galito, principalmente o solo onde os ninhos são construídos, vem sendo utilizado para plantações e criação de gado. Mas é preciso que haja um planejamento e fiscalização para essas atividades. Do contrário, com o desaparecimento desse habitat, o Galito corre sério risco de extinção!
Ramon Ventura
Sávio Freire Bruno.
Faculdade de Veterinária
Instituto de Biologia
Universidade Federal Fluminense
quinta-feira, 6 de abril de 2023
BAGRINHO DE CAVERNA
Nome científico: Trichomycterus itacarambiensis
Nome popular: Bagrinho-de-caverna
Tamanho: Até 8 centímetros
Local onde é encontrado: Caverna Olho d´Água, na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais
Habitat: Caatinga
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção
Esse pequeno peixe vive apenas em um lugar no mundo: a caverna de Olhos d'Água, localizada no norte do Estado de Minas Gerais. Ele é considerado diferente dos outros peixes de caverna porque os indivíduos que vivem no fundo da caverna são totalmente brancos (Albinos) e sem olhos. Já os que se encontram na entrada da caverna, tem pintinhas no corpo e pequeninos olhos.
Medindo, no máximo, oito centímetros de comprimento, o Bagrinho-de-caverna apresenta, próximo a sua boca, "bigodes" ou barbilhões, que são muito sensíveis e utilizados para encontrar comida. Entre os alimentos preferidos desta espécie estão os insetos aquáticos e as minhocas capturadas no fundo do rio.
Como a caverna é um lugar fechado e com poucas entradas, na época da seca os alimentos disponíveis diminuem bastante. Isso faz com que o Bagrinho tenha grandes dificuldades para conseguir comida. No período de chuva, porém, a água fica farta de alimentos. Nessa época, ele aproveita para recuperar suas energias para a reprodução.
Os filhotes do Bagrinho-de-caverna costumam nascer no final da época de chuvas, o que é bom, porque assim diminui o risco de a força da correnteza levá-los para fora do ambiente natural.
Qualquer alteração ambiental na caverna Olhos d'Água, ou em seus arredores, coloca em risco a vida deste peixe, já que está ameaçado de extinção. Por isso, e também para conservar outras espécies locais, é que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, onde fica a Olhos d'Água, foi transformado em unidade de conservação. Isso significa que nós podemos conhecer o lugar, mas que, ao sair, temos de deixá-los exatamente igual a como o encontramos.
Ramon Ventura
Marcelo Fulgêncio Guedes de Brito
Programa de Pós-graduação em ecologia
Universidade Federal de Sergipe
Jean Carlos Miranda
Departamento de ciências exatas, biológicas e da terra
Universidade Federal Fluminense
Breno Perillo Nogueira
Biólogo
Revista CHC
terça-feira, 4 de abril de 2023
LAGARTINHO DO CIPÓ
Nome popular: Lagartinho-do-cipó
Nome científico: Placosoma cipoense
Tamanho: Cerca de 7 centímetros de comprimento de corpo, mais 8 centímetros de cauda.
Local onde é encontrado: Serra do Espinhaço, em Minas Gerais.
Habitat: Campos rupestres.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!
Apesar do nome, o Lagartinho-do-cipó não vive se pendurando por ai. Seu nome é por conta do local onde foi catalogado pela primeira vez, a Serra do Cipó, em Minas Gerais. Seu habitat não são as florestas e, sim, os campos rupestres, ambientes com vegetação baixinha, que nasce sobre rochas no alto de algumas montanhas.
Pequenino e muito ágil, o Lagartinho-do-cipó não é fácil de ser avistado. Desde que a espécie foi descoberta, em 1966, menos de uma dúzia deles foi encontrada pelos pesquisadores. Ao que tudo indica, trata-se de um bicho raro, com poucos indivíduos existentes na natureza.
Por sua raridade quase nada se conhece ainda sobre esta espécie. Mas algo bem especial os pesquisadores já descobriram: Para escapar de um predador, o Lagartinho-do-cipó é capaz de soltar a própria cauda e, depois de algumas semanas, outra cauda novinha em folha começa a nascer!
Para proteger o Lagartinho-do-cipó e outras espécies da região, foi criado o Plano de Ação Nacional Para a Conservação dos Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção da Serra do Espinhaço. A ideia é unir pesquisadores, órgãos do governo, empresas e a comunidade para conservar a natureza e as espécies que correm riscos de desaparecer.
Se todos se dispuserem a colaborar, o plano tem tudo pra dar certo!
Ramon Ventura
Henrique Caldeira Costa.
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Minas Gerais
Revista CHC.
domingo, 2 de abril de 2023
ÁGUIA CINZENTA
Nome cientifico: Harpyhaliaetus
Nome popular: Águia-cinzenta
Tamanho médio: 66 centímetros de altura
Peso: 3 kg
Local onde é encontrado: Nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil e em países vizinhos, como Bolívia, Argentina, Paraguai.
Habitat: Cerrado e áreas campestres
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção
Não é só o velho e famoso sapo-cururu que mora a bera do rio. A Águia-cinzenta é outro que vive por ali. A Harpyhaliaetus coronatus, como é chamado pelos cientistas, prefere habitar áreas campestres, mas também gosta de ficar perto das águas, em ambientes conhecidos como matas de galeria.
Pesando cerca de três quilos e medindo, aproximadamente 66 centímetros de altura, esta águia é considerada uma das maiores do Brasil. Por conta da plumagem cinza-escura que cobre a maior parte de seu corpo, foi que ela se tornou popularmente conhecida como Águia-cinzenta. Suas asas são longas e largas, mas sua cauda é curta, com a ponta negra e uma faixa transversal branca. As pernas desta ave são amarelas e compridas e os dedos curtos. A fêmea é muito parecida com o macho, porém, um pouco maior. Aqueles que não atingiram a fase adulta - os os (maturos) como são chamados pelos cientistas - tem uma faixa creme acima do olho e a parte inferior do corpo com estrias esbranquiçadas.
A Águia-cinzenta tem uma voz forte e para se comunicar utiliza uma longa repetição de notas que soa em nossos ouvidos como um "gli, gli, gli".
Ela vive solitária, podendo, as vezes ser encontrada em atividade durante todo o dia, até o anoitecer. Gosta de pousar sobre postes ou estacas, onde fica observando suas presas. Seu cardápio é variado e inclui outras aves, peixes, repteis ou pequenos mamíferos, como os tatus.
A Águia-cinzenta constrói seu ninho em arvores e, como a maioria das grandes águias, se reproduz em intervalos de mais de um ano, ocasião em que põe apenas um ovo, que chega a pesar, aproximadamente, 100 gramas. Os filhotes necessitam do cuidado dos pais por seis meses ou mais e, em geral, só se tornam adultos quando atingem entre dois ou três anos de idade.
A destruição dos locais onde vive esta águia, como cerrado - um dos seus principais habitats - tem prejudicado a alimentação, a reprodução e a moradia da Águia-cinzenta. O desmatamento, as queimadas e o uso excessivo de pesticidas - substancias tóxicas que combatem pragas nas plantações - também contribuem para a destruição de seu ambiente natural. Por tudo isso, a águia-cinzenta encontra-se seriamente ameaçada de extinção.
Ramon Ventura
Aline Braga Moreno
e Maria Alice S. Alves,
Departamento de ecologia,
Instituto de biologia,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Revista CHC.