segunda-feira, 11 de setembro de 2023

ARAPONGA

Nome científico:
Procnias nudicollis.
Nome popular: Araponga.
Tamanho: 30 centímetros de comprimento.
Local onde é encontrado: na Mata Atlântica. No Brasil, do sul de Alagoas até o Rio Grande do Sul e ao sul de Mato Grosso do Sul.
Hábitat: Interior de florestas bem conservadas e também em áreas abertas, próximas às florestas, caso haja árvores com frutas.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção

Entre as aves cantoras mais famosas, a araponga se destaca porque produz um som muito alto – muito alto mesmo! Seu canto é estridente, parece o som de um martelo batendo em uma bigorna: “Pengue!” Por conta disso, ganhou o apelido de ferreiro e é considerada uma das vozes mais potentes da Mata Atlântica.

A araponga também chama a atenção por sua plumagem. O macho é totalmente branco, com a garganta e a região em torno dos olhos sem penas e de cor azul-esverdeada. A fêmea é mais discreta. Apesar de ser colorida, sua plumagem tem tons claros: o dorso é verde-oliva, os lados e o topo da cabeça se apresentam em cinza e a garganta, que também é cinza, tem listras esbranquiçadas. Ela tem, ainda, a barriga amarelo-pálido com listras verde-oliva. O bico, tanto do macho quanto o da fêmea, é preto.

Falando em bico, esta é uma parte em que a araponga se diferencia bastante da maioria das aves, pois pode abri-lo muito. É assim que ela consegue abocanhar frutos grandes, como os da palmeiras, que são cortados e engolidos aos pedaços; já os pequenos frutos, ela engole inteiros.

Mesmo ouvindo seu som pela floresta, é difícil avistar a araponga porque seu canto ecoa entre as árvores, dando a sensação de que vem de vários lados. Além disso, esta ave voa alto e costuma pousar na copa das árvores, o que dificulta ainda mais sua observação. Na época da reprodução, o macho escolhe certos galhos na vegetação e ali canta vigorosamente durante o dia. Sua cantoria atrai a atenção de fêmeas, que visitam o macho nesses galhos. Se ela gostar da exibição, namora com ele.

Sua reprodução ocorre no final do ano. A fêmea põe um ovo de coloração pardo-avermelhada. O período de incubação é de 23 dias e os filhotes saem do ninho com 27 dias de idade. Seu ninho tem o formato de uma tigela rasa. Entre os materiais que usa para construí-lo estão os musgos e as raízes de epífitas – um tipo de planta que utiliza arbustos e árvores como suporte.

Como as outras espécies da sua família, a araponga desempenha um importante papel na manutenção das florestas. Ela espalha as sementes das plantas das quais se alimenta por meio das fezes ou do regurgito, ou seja, quando vomita as sementes que engoliu.

A araponga está ameaçada de extinção pelo desmatamento de seu habitat e – imagine – por sua cantoria! Seu canto atrai caçadores, que capturam a ave para vender. Denuncie, caso veja uma ave dessas à venda, para que a araponga continue a soltar sua voz em liberdade e continue a espalhar sementes na floresta, ajudando a manter a Mata Atlântica.


                                     Ramon Ventura
                                    Lívia Dias Cavalcante de Souza
                                    Luciana Barcante e
                                    Maria Alice S. Alves
                                    Departamento de Ecologia
                                    Universidade do estado do Rio de Janeiro
                                    Revista CHC.

domingo, 18 de junho de 2023

FAVEIRO DE WILSON

Nome popular: Faveiro-de-Wilson
Nome científico: Dimorphandra wilsonii
Família: Fabaceae
Onde ocorre: Na região de Paraopeba, Estado de Minas Gerais.

Já viu a expressão "Favas contadas"? Ela surgiu da época do Império, quando, nas votações, eram usadas para contabilizar os votos: As brancas, indicando sim, e as pretas, o não. Mas, afinal de contas, o que são favas? São os frutos das leguminosas, mesma família botânica do feijão, da soja e do amendoim. Assim, a planta que produz favas é chamada de faveiro, como o Faveiro-de-Wilson.

É uma espécie com o hábito arbóreo podendo chegar até 17 metros de altura, e cerca de 1,12m de diâmetro. Possui folhas grandes, bipinadas, com pinas opostas ou subopostas (5 a 15 pares de pinas), apresenta folíolos elípticos densamente pilosos em ambas as faces quando jovens, sua base é arredondada e o teu ápice obtuso ou atenuado. Apresentam também uma nervura primária imersa na face axial e proeminente e densamente pilosa na abaxial.

Suas flores são hermafroditas - amarelas e pequenas, possui um cálice urceolado; corola com 5 pétalas espatuladas bem evidente. Os estames 5 são epipétalos e glabros; as anteras são rimosas, introrsas, e um ápice dilatado. O ovário é fusiforme, anguloso e glabro. O estilete é bem espesso, mas em geral recurvado; estigma é do tipo punctiforme.

A semente possui o formato elíptico a reniforme, sendo o ápice oblonga e algumas vezes levemente recurvada, medindo cerca de 17,9 mm; e uma largura média de 6,7 mm. A testa da semente é do tipo córnea com superfície lisa e brilhante, de coloração marrom a avermelhada.

Os frutos dessa espécie medindo cerca 15 à 25cm de comprimento, liso, espesso e rígido, sendo sua casca externa na cor marrom escuro. Internamente apresenta uma polpa alva e são intensamente coletados por porque produzem uma substância medicinal chamada rutina, usada para tratar problemas circulatórios, mas, acredite, essa mesma substância é tóxica para o gado – por isso, os pecuaristas eliminam o Faveiro-de-Wilson de pastagens naturais em áreas do cerrado onde vivem. Por essas razões, a espécie já era considerada rara quando foi descoberta, e hoje restam poucos indivíduos adultos. Tentando conservar a planta, a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte desenvolve um programa de estudo especial sobre o Faveiro-de-Wilson.



                                Ramon Ventura
                                Marcelo Guerra Santos
                                Núcleo de pesquisa e ensino de ciências
                                Universidade do Estado do Rio de Janeiro
                                Paulo Takeo Sano
                                Instituto de Biociências
                                Universidade de São Paulo.

domingo, 23 de abril de 2023

GUIGÓ DE COIMBRA FILHO

(foto: Eduardo Lacerda\TG)
Nome científico: Callicebus coimbra.
Nome popular: Guigó-de-coimbra-filho.
Tamanho: Até 83 centímetros
Local onde é encontrado: No Estado do Sergipe e no norte da Bahia, na região nordeste do Brasil
Habitat: Fragmentos de Mata Atlântica
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!



O grito do Guigó já assusta, pois é bem alto. Mas quando macho e fêmea soltam a voz juntos para defender seu território, melhor tapar os ouvidos. Eles formam um dueto que grita bem alto na floresta. Uma forma de assustar os grupos invasores.

O Guigó-de-coimbra-filho é uma das mais recentes espécies de primatas descobertos. Foi descritas pelos cientistas em 1999 e batizada em homenagem a um ilustre primatólogo brasileiro Aldemar Coimbra Filho.

Esse pequeno primata vive em grupos que variam entre dois e cinco indivíduos. Quando adultos, além de cantarem em dupla, gostam de viver juntos por toda a vida e criar seus filhotes. Em geral, esta espécie tem apenas um filhote por ano. A gestação dura cerca de seis meses e, quando o bebê Guigó nasce, é o macho quem o carrega. A fêmea amamenta o filhote até os seis meses de idade e, depois disso, o pequeno primata já é considerado independente.

É na floresta que vive o Guigó-de-coimbra-filho, em um espaço chamado extrato médio, que fica em uma altitude de cinco a nove metros. Ali, pendurados nos galhos, eles gostam de descansar a maior parte do tempo. Preferem comer frutas, mas costumam consumir também folhas, sementes, flores e alguns insetos.

A derrubada da floresta para a criação de gado e agricultura e os constantes incêndios são as razões da diminuição do espaço que esse pequeno Guigó precisa para viver.



                                        Ramon Ventura
                                        João Pedro Souza-Alvez
                            Laboratório de Biologia da conservação
                                Universidade Federal de Sergipe
                                               Revista CHC.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

CASCUDO

Nome científico: Pareiorhaphis garbei
Nome popular: Cascudo

Tamanho: Até 14 centímetros 

Local onde é encontrado: Mata Atlântica

Habitat: Riachos costeiros do Estado do Rio de Janeiro

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção! 


Ele é forte. Seu corpo é coberto por placas ósseas, gosta de viver em meio às correntezas de riachos localizados em áreas de Serra de Mata Atlântica. Boa parte do tempo ele passa pastando no fundo desses riachos. Opa! Opa! Opa! Estava indo tudo muito bem, mas essa história de pastar debaixo d 'água…


Pois é, caro leitor, por mais estranho que pareça, estamos falando de um peixe que tem o hábito de pastar. Explicando melhor, ele usa sua boca grande, larga e cheia de dentes miúdos para raspar as algas que crescem no fundo desses cursos d'água. Nesse movimento, consegue capturar também alguns insetos aquáticos, outro item de sua alimentação.


Assim é a vida do Cascudo Pareiorhaphis garbei, espécie rara e ameaçada!

Machos e fêmeas desta espécie são bem diferentes. O macho tem longo espinhos na lateral da cabeça e no início das nadadeiras peitorais, que não são encontrados nas fêmeas. Em relação à reprodução, os pesquisadores sabem tão pouco sobre esta espécie que sequer descobriram a época do ano em que as fêmeas desovam.

No rio Macaé, um dos poucos lugares onde é encontrado, este cascudo enfrenta uma grande ameaça à sua sobrevivência: A companhia das Trutas-Arco-Íris. Esses peixes exóticos - ou seja, que originalmente não pertencem a nossa fauna - são predadores vorazes e, por isso, representam perigo ao cascudo.

As Trutas-Arco-Íris foram introduzidas no Brasil há mais de 60 anos, para servir de estímulo à pesca esportiva e promover a piscicultura, ou seja, o cultivo dos peixes para o consumo humano. Desde então, tem causado uma série de problemas ambientais. Este fato nos mostra que ameaça de extinção não resulta apenas na destruição de habitat ou da caça ilegal. Inclui outros fatores para os quais os órgãos responsáveis pelo meio ambiente precisam estar atentos.



Ramon Ventura

Jean Carlos Miranda

Departamento das ciências exatas, biológicas e da terra

Universidade Federal Fluminense

Sergio Maia Queiroz Lima

Departamento de Botânica, zoologia e ecologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Henrique Lazzarotto

Departamento de ecologia

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Revista CHC.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

RATO DO CACAU


Nome popular:
Rato-do-cacau ou Saruê-bejú

Nome científico: Callistomys pictus.

Tamanho: 52 a 61 centímetros de comprimento (incluindo a cauda) 

Local onde é encontrado: Mata atlântica do sul da Bahia

Habitat: Florestas

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!

E entre um cacaueiro e outro que vive o Rato-do-cacau. Uma espécie típica do sul da Bahia, região onde crescem plantações da saborosa fruta, que é matéria-prima de uma iguaria ainda mais gostosa, o chocolate!

O Rato-do-cacau é muito arisco, e os pesquisadores sofrem para observá-lo. Ele se esconde muito bem na cabruca, ambiente formado pela mistura de cacaueiros e outras espécies de plantas. É quando a noite chega que o Rato-do-cacau sai pela mata, para procurar folhas e frutos. E, ao perceber que está sendo observado, se esconde novamente, principalmente nos ocos das árvores e nas bromélias que crescem no mato.


Essa dificuldade em observar o Rato-do-cacau faz com que os pesquisadores saibam pouco sobre a espécie. As técnicas de observação que os cientistas usam com outros mamíferos - como atraí-los com alimentos - não funcionam com ele. Sobre sua reprodução, os pesquisadores suspeitam  de que cada fêmea tenha apenas um filhote por ano.


Talvez seja a falta de lugar para morar a maior ameaça ao Rato-do-cacau, pois quase toda a floresta nativa do sul da Bahia, onde vive o roedor, já foi desmatada. Boa parte do que resta está nas cabrucas, que estão sendo derrubadas para dar lugar as pastagens.


O Rato-do-cacau resistirá apenas se ajudarmos a preservar o que resta das florestas baianas. Espalhe essa ideia!



                Ramon Ventura

                Henrique Caldeira Costa

                       Instituto de ciências biológicas

                    Universidade Federal de Viçosa - Campus florestas

                                                    Revista CHC.

sábado, 8 de abril de 2023

GALITO

(Foto: WikiAves)

Nome científico:
Alectrurus tricolor.

Nome Popular: Galito.

Tamanho: Fêmeas medem de 12 a 13 centímetros de comprimento, aproximadamente, e machos podem chegar a 19 centímetros. 

Local onde é encontrado: Predominantemente no Cerrado, tendo sido registrado mais recentemente no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, Goiás e no Mato Grosso do Sul. 

Habitat: Campos abertos, onde pode se equilibrar em finos ramos, nos cerrados brasileiro.

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!


Parente menos famoso do Bem-te-vi, que pelo canto você deve conhecer, o Galito também tem lá suas habilidades. Faz malabarismos no ar, como um pequeno avião. Não é o máximo?


A exibição aérea geralmente ocorre quando ele sai em busca de alimento. Mira suas presas - sejam mariposas, borboletas, libélulas, gafanhotos, moscas ou abelhas - e vruuum!!! mergulham no ar para capturá-las numa bicada certeira.


Há diferenças marcantes entre entre os Galitos macho e fêmea. O macho tem a cauda negra em forma de leque e o corpo apresenta um desenho branco em forma de "V" no dorso e um faixa peitoral negra incompleta. Já a fêmea é parda, com a região da garganta branca e asas e cauda mais escuras.


Na época reprodutiva, a cauda do Galito macho se torna mais avantajada, favorecendo as curiosas manobras que faz no ar para atrair a fêmea. A cauda chega a formar um angulo de 90º com o corpo e o espetáculo no céu é bonito de se ver.


Quando formam um casal, a fêmea assume muitos afazeres: constrói com capim seco o ninho em forma de taça diretamente no solo, escondido em meio às gramíneas altas. Os filhotes saem do ninho após 13 dias de nascidos. Ficam camuflados na vegetação, sendo alimentados e protegidos pela mãe até que consigam realmente voar.


O ambiente natural do Galito, principalmente o solo onde os ninhos são construídos, vem sendo utilizado para plantações e criação de gado. Mas é preciso que haja um planejamento e fiscalização para essas atividades. Do contrário, com o desaparecimento desse habitat, o Galito corre sério risco de extinção!



Ramon Ventura

Sávio Freire Bruno.

Faculdade de Veterinária

Instituto de Biologia  

          Universidade Federal Fluminense

Revista CHC.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

BAGRINHO DE CAVERNA


Nome científico:
Trichomycterus itacarambiensis

Nome popular: Bagrinho-de-caverna

Tamanho: Até 8 centímetros

Local onde é encontrado: Caverna Olho d´Água, na bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais

Habitat: Caatinga

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção


Esse pequeno peixe vive apenas em um lugar no mundo: a caverna de Olhos d'Água, localizada no norte do Estado de Minas Gerais. Ele é considerado diferente dos outros peixes de caverna porque os indivíduos que vivem no fundo da caverna são totalmente brancos (Albinos) e sem olhos. Já os que se encontram na entrada da caverna, tem pintinhas no corpo e pequeninos olhos.


Medindo, no máximo, oito centímetros de comprimento, o Bagrinho-de-caverna apresenta, próximo a sua boca, "bigodes" ou barbilhões, que são muito sensíveis e utilizados para encontrar comida. Entre os alimentos preferidos desta espécie estão os insetos aquáticos e as minhocas capturadas no fundo do rio.

Como a caverna é um lugar fechado e com poucas entradas, na época da seca os alimentos disponíveis diminuem bastante. Isso faz com que o Bagrinho tenha grandes dificuldades para conseguir comida. No período de chuva, porém, a água fica farta de alimentos. Nessa época, ele aproveita para recuperar suas energias para a reprodução.

Os filhotes do Bagrinho-de-caverna costumam nascer no final da época de chuvas, o que é bom, porque assim diminui o risco de a força da correnteza levá-los para fora do ambiente natural.

Qualquer alteração ambiental na caverna Olhos d'Água, ou em seus arredores, coloca em risco a vida deste peixe, já que está ameaçado de extinção. Por isso, e também para conservar outras espécies locais, é que o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, onde fica a Olhos d'Água, foi transformado em unidade de conservação. Isso significa que nós podemos conhecer o lugar, mas que, ao sair, temos de deixá-los exatamente igual a como o encontramos.


                                              Ramon Ventura

                              Marcelo Fulgêncio Guedes de Brito

                             Programa de Pós-graduação em ecologia

                                   Universidade Federal de Sergipe

                                               Jean Carlos Miranda

                          Departamento de ciências exatas, biológicas e da terra

                                    Universidade Federal Fluminense

                                          Breno Perillo Nogueira

                                                      Biólogo

Revista CHC

terça-feira, 4 de abril de 2023

LAGARTINHO DO CIPÓ


Nome popular:
Lagartinho-do-cipó

Nome científico: Placosoma cipoense

Tamanho: Cerca de 7 centímetros de comprimento de corpo, mais 8 centímetros de cauda.

Local onde é encontrado: Serra do Espinhaço, em Minas Gerais.

Habitat: Campos rupestres.

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!


Apesar do nome, o Lagartinho-do-cipó não vive se pendurando por ai. Seu nome é por conta do local onde foi catalogado pela primeira vez, a Serra do Cipó, em Minas Gerais. Seu habitat não são as florestas e, sim, os campos rupestres, ambientes com vegetação baixinha, que nasce sobre rochas no alto de algumas montanhas.


Pequenino e muito ágil, o Lagartinho-do-cipó não é fácil de ser avistado. Desde que a espécie foi descoberta, em 1966, menos de uma dúzia deles foi encontrada pelos pesquisadores. Ao que tudo indica, trata-se de um bicho raro, com poucos indivíduos existentes na natureza.


Por sua raridade quase nada se conhece ainda sobre esta espécie. Mas algo bem especial os pesquisadores já descobriram: Para escapar de um predador, o Lagartinho-do-cipó é capaz de soltar a própria cauda e, depois de algumas semanas, outra cauda novinha em folha começa a nascer!


Para proteger o Lagartinho-do-cipó e outras espécies da região, foi criado o Plano de Ação Nacional Para a Conservação dos Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção da Serra do Espinhaço. A ideia é unir pesquisadores, órgãos do governo, empresas e a comunidade para conservar a natureza e as espécies que correm riscos de desaparecer.


Se todos se dispuserem a colaborar, o plano tem tudo pra dar certo!


                              Ramon Ventura

                             Henrique Caldeira Costa.

                             Departamento de Zoologia

                    Universidade Federal de Minas Gerais

                                      Revista CHC.

domingo, 2 de abril de 2023

ÁGUIA CINZENTA

 


Nome cientifico: Harpyhaliaetus

Nome popular: Águia-cinzenta

Tamanho médio: 66 centímetros de altura

Peso: 3 kg

Local onde é encontrado: Nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil e em países vizinhos, como Bolívia, Argentina, Paraguai.

Habitat: Cerrado e áreas campestres 

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção


Não é só o velho e famoso sapo-cururu que mora a bera do rio. A Águia-cinzenta é outro que vive por ali. A Harpyhaliaetus coronatus, como é chamado pelos cientistas, prefere habitar áreas campestres, mas também gosta de ficar perto das águas, em ambientes conhecidos como matas de galeria. 

Pesando cerca de três quilos e medindo, aproximadamente 66 centímetros de altura, esta águia é considerada uma das maiores do Brasil. Por conta da plumagem cinza-escura que cobre a maior parte de seu corpo, foi que ela se tornou popularmente conhecida como Águia-cinzenta. Suas asas são longas e largas, mas sua cauda é curta, com a ponta negra e uma faixa transversal branca. As pernas desta ave são amarelas e compridas e os dedos curtos. A fêmea é muito parecida com o macho, porém, um pouco maior. Aqueles que não atingiram a fase adulta - os os (maturos) como são chamados pelos cientistas - tem uma faixa creme acima do olho e a parte inferior do corpo com estrias esbranquiçadas. 

A Águia-cinzenta tem uma voz forte e para se comunicar utiliza uma longa repetição de notas que soa em nossos ouvidos como um "gli, gli, gli".

Ela vive solitária, podendo, as vezes ser encontrada em atividade durante todo o dia, até o anoitecer. Gosta de pousar sobre postes ou estacas, onde fica observando suas presas. Seu cardápio é variado e inclui outras aves, peixes, repteis ou  pequenos mamíferos, como os tatus.

A Águia-cinzenta constrói seu ninho em arvores e, como a maioria das grandes águias, se reproduz em intervalos de mais de um ano, ocasião em que põe apenas um ovo, que chega a pesar, aproximadamente, 100 gramas. Os filhotes necessitam do cuidado dos pais por seis meses ou mais e, em geral, só se tornam adultos quando atingem entre dois ou três anos de idade.

A destruição dos locais onde vive esta águia, como cerrado - um dos seus principais habitats - tem prejudicado a alimentação, a reprodução e a moradia da Águia-cinzenta. O desmatamento, as queimadas e o uso excessivo de pesticidas - substancias tóxicas que combatem pragas nas plantações - também contribuem para a destruição de seu ambiente natural. Por tudo isso, a águia-cinzenta encontra-se seriamente ameaçada de extinção.


         Ramon Ventura

         Aline Braga Moreno

        e Maria Alice S. Alves,

        Departamento de ecologia,

        Instituto de biologia,

        Universidade do Estado do Rio de Janeiro

        Revista CHC. 

sábado, 23 de abril de 2022

TATU MULITA


Nomes populares: tatu-mulita, tatuíra.

Nome científico: Dasypus hybridus.

Tamanho: tem um comprimento médio de 30 centímetros, sendo que a cauda atinge em média 17 centímetros.

Peso: Cerca de 2,04kg.

Habitat: No Brasil os registros disponíveis indicam que a espécie ocorreria preferencialmente em ambientes campestres.

Local onde é encontrado: No Brasil, está presente nos biomas Mata Atlântica e Pampa, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Estado de conservação: “quase ameaçado” na IUCN e “dados insuficientes” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.

Existem no mundo 21 espécies de tatus. Todas elas nativas das Américas. No Brasil, são encontradas 11 dessas espécies. Uma delas é o Dasypus hybridus, também conhecido como tatu-mulita ou tatuíra, que ocorre no sul do país. Ele vive nos biomas Mata Atlântica e Pampa, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e não é endêmico do Brasil, pois é encontrado também em áreas do Uruguai, Paraguai e Argentina.

O tatu-mulita tem uma carapaça alta, com seis ou sete cintas móveis. Sua cauda é curta, a cabeça, comprida e as orelhas são longas e inclinadas para trás, lembrando as de uma mula. Daí o nome tatu-mulita.

Ele pesa cerca de dois quilos, tem um comprimento médio de 30 centímetros, sendo que a cauda atinge em média 17 centímetros. Os membros anteriores possuem quatro dedos e os posteriores cinco.

Sua dieta é composta principalmente de cupins e formigas. Mas o tatu-mulita também come outros invertebrados e até pequenos roedores já foram registrados em estudos sobre seus hábitos.

Se é tatu, tem toca. O tatu-mulita geralmente escava suas tocas em solos arenosos, fazendo uma entrada de até 25 centímetros de largura e uma profundidade que chega a dois metros.

A espécie já foi considerada comum. Atualmente no Brasil não há informações sobre a abundância da espécie, nem sobre as ameaças no nosso território, mas as evidências de aumento do nível de ameaças na Argentina e no Uruguai fazem supor que por aqui ele esteja sofrendo os mesmos riscos. O tatu-mulita é ameaçado pela perda do seu hábitat – causada pela expansão agropecuária e pela urbanização -, pela predação por cães e pela caça.



Ramon Ventura
Por Luciana Ribeiro
Jornalista e tecnóloga em Gestão Ambiental
olhaobicho@faunanews.com.br