quinta-feira, 20 de abril de 2017

GRITADOR DO NORDESTE


Nome popular:
Gritador-do-nordeste.

Nome científico: Cichlocolaptes mazarbarnetti.

Peso: Entre 35 a 45 gramas.

Tamanho: Cerca de 20 a 22 centímetros de comprimento.

Família: Furnariidae.

Habitat: Habitava florestas montanas densas da Mata Atlântica nordestina, em altitudes superiores a 800 metros.

Local onde é encontrado: Com registros restritos às matas úmidas da Serra do Barbado, em Alagoas, e da Serra do Urubu, em Pernambuco.

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção. 

Gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti): a voz silenciada das florestas do Brasil

O Gritador-do-nordeste, cientificamente chamado Cichlocolaptes mazarbarnetti, é uma ave da família Furnariidae, a mesma dos joões-de-barro e arapaçus. Foi uma das descobertas mais recentes da ornitologia brasileira e, infelizmente, também uma das mais trágicas: está criticamente ameaçada de extinção e possivelmente já extinta.

O Gritador-do-nordeste media cerca de 20 a 22 centímetros de comprimento e pesava entre 35 a 45 gramas. Tinha plumagem marrom-acinzentada discreta, com bico levemente curvo, adaptado à sua dieta insetívora. Seu nome popular vem do seu canto forte e repetitivo, que ecoava pelas matas do Nordeste.

Esta ave era endêmica do Brasil, com registros restritos às matas úmidas da Serra do Barbado, em Alagoas, e da Serra do Urubu, em Pernambuco. Habitava florestas montanas densas da Mata Atlântica nordestina, em altitudes superiores a 800 metros. Seu habitat natural foi severamente reduzido e fragmentado devido à expansão agrícola e ao desmatamento descontrolado.

Pouco se sabe sobre os detalhes reprodutivos da espécie, devido à raridade dos encontros e à limitação de estudos. Presume-se que seu ciclo reprodutivo fosse semelhante ao de outros Furnariídeos: provavelmente com ninhos em cavidades de troncos e postura de 2 a 3 ovos, incubados pelo casal.

O Gritador-do-nordeste era um insetívoro especializado, alimentando-se de insetos e pequenos invertebrados encontrados entre cascas de árvores e bromélias. Sua técnica de forrageio incluía escaladas silenciosas por galhos e troncos em busca de presas.

O Cichlocolaptes mazarbarnetti foi descrito oficialmente em 2014, a partir de espécimes coletados nos anos 2000. Contudo, desde então, nenhuma observação confirmada da espécie foi registrada, e acredita-se que esteja funcionalmente extinta.

Seus principais fatores de ameaça foram:

Destruição do habitat (menos de 2% da floresta original onde vivia ainda existe). Expansão agropecuária e corte seletivo de madeira. Pouca atenção científica e políticas públicas tardias, o que dificultou ações de proteção quando a espécie ainda existia.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) já considera a espécie possivelmente extinta, embora a classificação oficial ainda seja "Criticamente em Perigo (Possivelmente Extinta)".

O nome científico da espécie homenageia Pedro Mazar Barnett, ornitólogo e conservacionista, reconhecido por sua dedicação ao estudo da biodiversidade brasileira.

O Gritador-do-nordeste é um símbolo do descaso com as riquezas naturais do Brasil. Sua provável extinção serve como alerta urgente para a proteção dos últimos remanescentes da Mata Atlântica nordestina e para a valorização da ciência e da conservação ambiental. Que sua "voz silenciada" nos inspire a agir antes que outras espécies desapareçam para sempre.

Ramon Ventura.

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