Nome popular: Águia-cinzenta.
Nome científico: Urubitinga coronata.
Peso: Em torno de 2,9 a 3,0 kg.
Tamanho: Varia entre 75 e 85 cm.
Família: Accipitridae.
Habitat: Áreas abertas ou savânicas com presença de árvores isoladas e matas de galeria.
Local onde é encontrado: Registra-se em biomas como Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção.
Águia-cinzenta (Urubitinga coronata): aspectos biológicos, ecológicos e conservacionistas
A Águia-cinzenta, também denominada águia-coroada, águia-tatuzeira ou gavião-tatuzeiro, é uma ave de rapina de grande porte pertencente à família Accipitridae, que engloba diversas espécies de águias, gaviões e outros predadores diurnos. Anteriormente classificada como Harpyhaliaetus coronatus, passou por revisão taxonômica, sendo atualmente alocada no gênero Urubitinga. Essa reclassificação baseou-se em análises filogenéticas que indicaram maior proximidade com espécies do gênero Buteogallus/Urubitinga.
O comprimento corporal desta espécie varia entre 75 e 85 cm, com envergadura proporcionalmente ampla para voo planado em áreas abertas. O peso médio situa-se em torno de 2,9 a 3,0 kg, o que a posiciona entre as maiores aves de rapina dos ambientes não florestais da América do Sul. Sua plumagem apresenta coloração predominantemente cinza-pálida, com coroa e penas nucais alongadas, conferindo-lhe aspecto imponente.
A Águia-cinzenta apresenta distribuição fragmentada, ocorrendo desde o centro e sul do Brasil até porções da Bolívia, Paraguai e Argentina. No território brasileiro, registra-se em biomas como Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica, preferindo áreas abertas ou savânicas com presença de árvores isoladas e matas de galeria. Trata-se de espécie sensível a alterações ambientais, com ampla dependência de extensos territórios — estimados em até 50.000 hectares por indivíduo.
A espécie exibe comportamento monogâmico e elevada fidelidade ao território. O ciclo reprodutivo apresenta baixa frequência, com intervalos aproximados de dois anos entre as tentativas de nidificação. O ninho, construído com galhos robustos, é geralmente instalado no topo de árvores altas situadas em áreas de transição ou borda de mata ciliar. A fêmea deposita apenas um ovo, cuja incubação dura cerca de 39 a 40 dias. O filhote permanece dependente dos pais por mais de um ano, caracterizando um investimento parental prolongado e incomum entre aves de rapina.
A dieta é composta principalmente por mamíferos de médio porte, como tatus, lebres e roedores silvestres, além de aves e répteis. Ocasionalmente, pode consumir carcaças, comportamento que a expõe a riscos adicionais, como ingestão de contaminantes oriundos de defensivos agrícolas ou de munições de chumbo.
De acordo com a Lista Vermelha da IUCN e o ICMBio, U. coronata encontra-se categorizada como Em Perigo (EN). As estimativas populacionais indicam a existência de apenas 250 a 1.000 indivíduos maduros. Entre as principais ameaças à sua sobrevivência destacam-se:
Perda e fragmentação do habitat devido à expansão agropecuária e monoculturas florestais (ex.: Pinus e Eucalyptus);
Perseguição direta por proprietários rurais, motivada pela predação ocasional de animais domésticos;
Baixa diversidade genética resultante do isolamento populacional;
Exposição a agrotóxicos e contaminantes ambientais.
A Águia-cinzenta constitui um importante indicador ecológico de qualidade ambiental em ecossistemas abertos sul-americanos. Sua baixa taxa reprodutiva, aliada à elevada demanda por área e à crescente pressão antrópica sobre seu habitat, reforça a urgência de medidas conservacionistas. Estratégias de manejo devem incluir a ampliação e efetiva proteção de unidades de conservação, o incentivo a práticas agropecuárias sustentáveis e o fortalecimento de programas de educação ambiental voltados à valorização das aves de rapina nativas.
Ramon Ventura
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