terça-feira, 4 de setembro de 2012

ARAUCARIA

Ficha da Planta Nome científico: Araucaria angustifolia 
Nomes populares: Pinho, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões e pinheiro-são-José 
Família: Araucariáceas 
Origem: América do Sul, Brasil Trata-se de uma árvore alta com copa de formato de cálice. 

A araucária ou pinheiro brasileiro se destaca das outras espécies brasileiras principalmente por sua forma original que dá às paisagens do sul uma característica toda especial. No passado, antes que a lavoura de café e cereais cobrisse as terras paranaenses e antes que os trigais cobrissem os campos gaúchos, sua presença era tão comum que os índios chamaram de "curitiba" (que quer dizer "imensidão de pinheiros") toda uma extensa região onde esta árvores predominava. E a palavra acabou imortalizada, denominando a capital do Paraná. 

Presente no planeta desde a última glaciação - que começou há mais de um milhão e quinhentos mil anos, a araucária, segundo o engenheiro florestal Paulo Carvalho, da Embrapa de Colombo, PR, já ocupou área equivalente a 200 mil quilômetros quadrados no Brasil, predominando nos territórios do Paraná (80.000 km²), Santa Catarina (62.000 km²) e Rio Grande do Sul (50.000 km²), com manchas esparsas em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, que juntas, não ultrapassam 4% da área originalmente ocupada pela Araucária angustifolia no país. 

É uma espécie resistente, tolera até incêndios rasos em razão de sua casca grossa que faz papel de isolante térmico. A capacidade de germinação é alta e chega a 90% em pinhões recém-colhidos. Espécie pioneira, dissemina-se facilmente em campo aberto. Esta gimnosperma é uma árvore de grande porte: atinge cerca de 50 m de altura e seu tronco pode medir até 8,5 m de circunferência. Seu fruto, a pinha, contém de 10 a 150 sementes - os famosos pinhões - que são muito nutritivas, servindo de alimento a aves, animais selvagens e ao homem. 

A árvore cresce em solo fértil, em altitudes superiores a 500 m e atinge bom desenvolvimento em 50 anos. Seu formato é bem peculiar:o tronco ergue-se reto, sem nenhum desvio e se ramifica apenas no topo, formando a interessante copa, com os ramos desenvolvendo-se horizontalmente, as pontas curvadas para cima; superpostos uns aos outros, formando vários andares. Logo abaixo da copa, nos pinheiros mais antigos, aparecem às vezes alguns tocos de ramo, quebrando a simetria característica. É planta dióica, isto é, suas flores - masculinas e femininas - nascem separadas, em árvores diferentes. Assim, um pé de Araucária angustifolia possui inflorescências (chamadas estróbilos) somente masculinas ou somente femininas. 

Ao contrário do que geralmente se pensa, as famosas pinhas usadas nos enfeites de Natal não provém das matas nativas de araucária, mas de espécies de introdução relativamente recente, pertencentes ao gênero Pinus. A pinha da araucária, ou estróbilo feminino, na maturidade, se desmancha soltando os pinhões e as escamas murchas. Quando chega a época da reprodução, o vento transporta o pólen das inflorescências masculinas para as femininas. É o tipo de polinização que os botânicos denominam anemófila. 

A araucária é, como já foi dito, uma gimnosperma (gymnos - nú; sperma - semente): suas sementes não estão encerradas em ovários. O óvulo nasce na axila de um megasporofilo, que é protegido por uma folha modificada - a escama de cobertura. Esta acaba envolvendo e protegendo o óvulo fecundado, constituindo o que se conhece como "pinhão". Uma árvore feminina produz uma média anual de 80 inflorescências, cada uma com cerca de 90 pinhões. 

A Araucária angustifolia é uma árvore útil: pode-se dizer que tudo nela é aproveitável, desde a amêndoa, no interior dos pinhões, até a resina que, destilada fornece alcatrão, óleos diversos, terebintina e breu, para variadas aplicações industriais. As sementes são ricas em amido, proteínas e gorduras, constituindo um alimento bastante nutritivo. É comum ver bandos de pássaros, principalmente periquitos e papagaios, pousados nos galhos das araucárias, bicando as amêndoas. É também costume alimentar os porcos com pinhões, hábito bem comum no sul do País. Mas é a madeira que reúne maior variedade de aplicações. Em construção, já foi usada para forros, assoalhos, e vigas. Vastas áreas de pinheirais foram cultivadas exclusivamente para a confecção de caixas e palitos de fósforos. E a madeira serviu até como mastros em embarcações. Em aplicações rústicas, os galhos eram apenas descascados e polidos, transformando-se em cabos de ferramentas agrícolas. 

A aplicação do pinheiro-do-paraná ou pinheiro brasileiro estende-se ao importante campo da fabricação de papel. Da sua madeira obtém-se a pasta de celulose que, após uma série de operações industriais, fornece o papel. 

Curiosidades: A semente da araucária, o pinhão, é realmente muito nutritiva. 

Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de 6000 anos até os nossos dias, registram a importância do pinhão no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinhões aparecem em meio aos carvões das fogueiras acesas pelos antigos habitantes das matas com araucária. Um depósito de restos de pinhões em meio a uma espessa camada de argila evidencia não apenas a existência do pinhão na dieta diária dos grupos, mas também uma engenhosa solução para conservá-lo durante longos períodos, evitando o risco de deterioração pelas ações do clima ou do ataque de animais. Sabe-se também que o pinhão servia de alimento para inúmeras espécies animais, inclusive caititus selvagens (espécie de porco), atraindo-os durante a época de amadurecimento das pinhas. Assim, ao lado da coleta anual do pinhão, os indígenas igualmente caçavam esses animais. 

Uma enorme diversidade de animais, desde grandes mamíferos até os menores invertebrados, vive na floresta de araucárias - e depende dela. Quando os pinhões amadurecem, a fartura de alimento altera toda a vida na mata. A gralha-azul, por exemplo, que utiliza a araucária para fazer seu ninho, esconde seu alimento no oco dessas árvores. Já o macaco bugio e o ouriço são dotados de uma curiosa habilidade: são capazes de debulhar cuidadosamente as pinhas que guardam os pinhões. 

O que sobra é aproveitado por besouros, formigas e uma infinidade de insetos Araucária é um gênero de árvores coníferas na família Araucariaceae. Existem 19 espécies no gênero, com distribuições altamentes separadas na Nova Caledônia (onde treze espécies são endêmicas), Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, Nova Guiné, Argentina, Chile, e sul do Brasil. Sendo um mês tipicamente frio, a culinária das festas do mês de junho - as festas juninas - não poderia deixar de conter bebidas e alimentos energéticos e quentes: pinhão, quentão, batata assada, mandioca frita, pipoca, amendoim, canjica e bolo de fubá são alguns exemplos dessa "quentíssima" culinária. Mas aqui nós vamos falar sobre o pinhão - a semente de uma árvore bem brasileira: o pinheiro brasileiro (Araucária angustifolia). Esta semente apresenta um valioso teor nutricional. Tanto que era a principal fonte de alimentação de algumas tribos indígenas do sul do Brasil. Sua polpa é formada basicamente de amido, sendo muito rica em vitaminas do complexo B, cálcio, fósforo e proteínas. E antes de falarmos desta semente e sua bela árvore, vale lembrar que a melhor maneira de aproveitar todas as deliciosas potencialidades do pinhão é saber prepará-lo. 

Pelo menos um ingrediente é indispensável: a paciência. Deixe-o cozinhar lentamente, para que a casca se abra e libere todas as suas qualidades de aroma e sabor.

Ramon Ventura

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