segunda-feira, 24 de abril de 2017

ARARINHA-AZUL

(Foto: Gloria Jafet/Fundação Parque Zoológico de São Paulo)
Nome científico: Cyanopsitta spixii
Nome popular: Ararinha-azul.
Locais onde é encontrado: Bahia e Pernambuco.
Habitat: A ararinha-azul vivia numa pequena região da Caatinga, no nordeste da Bahia e oeste de Pernambuco, em matas localizadas nas margens de riachos.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção.

Uma ave pequena, com menos de 60 centímetros, bico negro, corpo coberto por penas azuis e cabeça com penas acinzentadas. Essa é a ararinha-azul. Agora tente imaginá-la voando por aí. Que beleza deve ser, não é mesmo? Infelizmente, é só isso que podemos fazer agora, ou, no máximo, encontrar alguma foto ou vídeo raro desse momento. Afinal, a natureza perdeu essa espécie, personagem principal do desenho animado Rio, que chegou em 2011 aos cinemas.

Da Bahia para a Alemanha

Em 1819, enquanto viajava pela Bahia com seu colega Carl F. P. von Martius, o pesquisador alemão Johann Baptist von Spix encontrou um exemplar de ararinha-azul. Na época, a ciência ainda não tinha batizado esta espécie, e Spix não percebeu que se tratava de uma arara diferente das outras. Ele pensava que havia encontrado um indivíduo da arara-azul-grande.

Alguns anos depois, o cientista Johann Georg Wagler passou a estudar o material que Spix levou para a Alemanha após sua viagem pelo Brasil. Lá, Wagler percebeu que a arara encontrada por Spix na Bahia era uma espécie nova, e então a descreveu em um trabalho científico.

A palavra ararinha é um diminutivo em português da palavra arara, cuja origem é indígena. Os indígenas podem ter criado o nome arara devido à voz de algumas espécies, que emitem um som parecido com “ará”. Mas arara pode ter surgido também a partir da abreviação da palavra guirá (“pássaro”), que virou ará. Arara seria então o aumentativo de ará, indicando um “pássaro grande”, já que algumas espécies de araras têm grande tamanho.

Hoje, a ararinha-azul é conhecida pelos pesquisadores como Cyanopsitta spixii. O nome do gênero (Cyanopsitta) significa “papagaio azul-escuro” em grego, enquanto o nome específico (spixii) é uma homenagem de Wagler ao amigo Spix.

Raridade

Desde a viagem de Spix pelo Brasil, poucos foram os registros de Cyanopsitta spixii. Durante algumas décadas, ninguém a viu na natureza, até que três indivíduos foram reencontrados em 1986. Em 1990, o último exemplar foi visto e passou a ser acompanhado, até desaparecer em 2000. A destruição das matas às margens dos riachos da região onde a ararinha-azul vivia e o tráfico de animais silvestres foram os principais responsáveis pela extinção desta espécie na natureza.

Um pouco de esperança

A ararinha-azul desapareceu da natureza, mas ainda não foi extinta. Restam aproximadamente 80 indivíduos da espécie criados em cativeiro, como parte de um programa de conservação realizado em vários países. Com o nascimento de filhotes, espera-se que aos poucos a população da ararinha aumente, e que, no futuro, a espécie possa ser reintroduzida em seu habitat natural. Se isso ocorrer, nosso céu voltará a ficar mais azul.

Ramon ventura
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia, UFMG


Revista CHC.

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