terça-feira, 21 de julho de 2020

CAATINGA

Único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga está presente em nove estados. Com uma extensão territorial de aproximadamente 826.411 km, a região corresponde a 10% do território do país e possui uma grande diversidade de fauna e flora.

Infelizmente, a Caatinga é um dos biomas mais degradados do país, concentrando mais de 60% das áreas susceptíveis à desertificação. Historicamente, esta região vem sofrendo com a ausência de práticas de manejo do solo e com a monocultura e pecuária extensiva, além de inúmeras queimadas. Atualmente, as principais causas de desmatamento estão associadas à extração de mata nativa para a produção de lenha e carvão vegetal destinado às fábricas gesseiras e para a produção siderúrgica. Tal impacto é sentido na fertilidade do solo, na extinção de espécies da fauna e flora e, consequentemente, na piora da qualidade de vida da população. Essas práticas já levaram à devastação de 45% deste bioma.

Apenas 7,8% do território da Caatinga está protegido por Unidades de Conservação, sendo que somente 1,3% da área é coberta por unidades de proteção integral. Isto é sintomático da dificuldade do Estado brasileiro de cumprir a Convenção Internacional de Diversidade Biológica, da qual o país é signatário, e que tem como meta nacional a manutenção de, no mínimo, 10% de áreas conservadas. A solução encontrada tem sido o estabelecimento e manutenção de parcerias privadas como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), as quais correspondem a 35,6% das Unidades de Conservação na Caatinga. Tais reservas visam à conservação da diversidade biológica, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas científicas e visitação turística.

A Caatinga ainda abriga espécies raras e de grande valor como o ipê roxo, o cumaru, a carnaúba e a aroeira, a qual está ameaçada de extinção. Nos períodos chuvosos, espécies de plantas herbáceas se abrem em flor, dentre as quais a malva, a malícia e a flor de tijirana.

As singularidades da Caatinga resultam em uma fauna diversa composta por mais de 800 espécies animais. Já foram registradas 148 espécies de mamíferos, 510 de aves, 154 de répteis e anfíbios e 240 de peixes. Este é o habitat do preá, da asa branca e o do tamanduá-mirim. Adaptar-se às condições climáticas do bioma é a principal estratégia de sobrevivência de plantas e animais, a exemplo dos anfíbios, que procuram abrigo em bromélias, se enterram e saem nos períodos chuvosos. Os invertebrados compõem um grupo especial, vasto e pouco conhecido. Eles são a base da cadeia alimentar no bioma, polinizam as plantas e servem de alimento para anfíbios, répteis, aves e pequenos mamíferos.

A Caatinga ainda abriga seis espécies de felinos: a onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, gato-do-mato-pequeno, gato-maracajá e gato-mourisco. No entanto, a exploração humana e o manejo inadequado da terra afetam sobremaneira esta rica fauna. Inúmeras espécies se encontram ameaçadas de extinção, como a onça-parda, o tatu-bola e o soldadinho do araripe.

As experiências das populações tradicionais e agricultores familiares que vivem na Caatinga e investem num manejo diferenciado e sustentável do solo têm demonstrado que é possível a convivência com as características da região, com cultivo variado e a criação de animais saudáveis. Frutas, legumes, raízes in natura ou beneficiados são produzidos e utilizados para consumo familiar e geração de renda.

Um estudo realizado pelo Banco Mundial em parceria com a WWF definiu prioridades para a conservação da biodiversidade no mundo, estabelecendo cinco níveis, por ordem de relevância: prioridades I, II, III, IV e V. A Caatinga foi classificada no nível I, o mais alto.



Ramon Ventura
Caatinga.org.br

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