terça-feira, 21 de julho de 2020

CAATINGA


Nome: Bioma Caatinga.

Tamanho: Ocupa uma área de aproximadamente 850 mil quilômetros quadrados.

Habitat: Caracterizado pelo clima semiárido, com altas temperaturas e baixa pluviosidade, e por uma vegetação adaptada à escassez de água.

Local onde é encontrado: Pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais.

Motivo da busca: Bioma ameaçada de extinção.



Bioma Caatinga: Um Tesouro Exclusivo do Brasil em Risco

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, reconhecido mundialmente por sua singularidade ecológica e importância sociocultural. Ocupa uma área de aproximadamente 850 mil quilômetros quadrados — o equivalente a cerca de 10% do território nacional — e se estende por nove estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais.

Caracterizado pelo clima semiárido, com altas temperaturas e baixa pluviosidade, o bioma abriga uma vegetação adaptada à escassez de água, composta por espécies resistentes, muitas delas com estruturas especializadas para armazenar umidade. Apesar de sua aparência árida, a Caatinga guarda uma rica biodiversidade e um ecossistema altamente adaptado às condições climáticas extremas.

Estima-se que a Caatinga possua mais de 900 espécies de plantas, muitas delas endêmicas — ou seja, exclusivas dessa região. Espécies como o ipê-roxo, o cumaru, a carnaúba e a aroeira (atualmente ameaçada de extinção) se destacam, além de plantas herbáceas como a malva e a flor de tijirana, que colorem a paisagem nos períodos chuvosos.

A fauna também é diversificada: mais de 800 espécies de animais habitam o bioma, incluindo 148 mamíferos, 510 aves, 154 répteis e anfíbios, e cerca de 240 espécies de peixes. Animais emblemáticos como o tamanduá-bandeira, o tatu-bola, o preá, a arara-azul-de-lear, o soldadinho-do-Araripe e seis espécies de felinos, como a onça-pintada e a jaguatirica, reforçam o valor ecológico da região. Além disso, os invertebrados, embora menos conhecidos, têm papel essencial na polinização e na base da cadeia alimentar.

Infelizmente, toda essa riqueza natural está sob grave ameaça. A Caatinga é um dos biomas mais degradados do Brasil. Estima-se que entre 45% e 50% de sua cobertura vegetal original já tenha sido destruída. Mais de 60% das áreas da Caatinga são suscetíveis à desertificação, resultado de um histórico de práticas insustentáveis como monocultura, pecuária extensiva, queimadas e ausência de manejo adequado do solo. A extração de madeira nativa para a produção de lenha e carvão vegetal, usada principalmente em fábricas gesseiras e siderúrgicas, também contribui significativamente para a degradação.

Além dos impactos ambientais, a degradação da Caatinga compromete a fertilidade do solo, reduz a disponibilidade de recursos hídricos e afeta diretamente a qualidade de vida das populações locais. Com isso, a biodiversidade entra em colapso e espécies ameaçadas se aproximam da extinção.

Hoje, apenas 7,8% da Caatinga está sob proteção oficial por meio de Unidades de Conservação, sendo que apenas 1,3% são áreas de proteção integral. Esse número está aquém da meta de 10% prevista pela Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. Como alternativa, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) têm ganhado importância, representando 35,6% das áreas protegidas no bioma, permitindo pesquisa, conservação e turismo sustentável.

Apesar dos desafios, há caminhos promissores. As experiências de populações tradicionais e agricultores familiares da Caatinga mostram que é possível conviver com o semiárido por meio de práticas agroecológicas e manejo sustentável. Cultivos diversos, criação de animais adaptados e uso responsável da biodiversidade têm gerado renda, segurança alimentar e conservação ambiental.

Reconhecendo sua importância global, um estudo do Banco Mundial em parceria com a WWF classificou a Caatinga como prioridade de conservação em nível I — o mais alto grau de relevância ecológica.

A Caatinga é um patrimônio exclusivamente brasileiro. Proteger esse bioma é mais do que uma necessidade ambiental: é um compromisso com a nossa história, cultura, economia e com as futuras gerações. Preservá-la é garantir a vida em um dos ecossistemas mais únicos e resilientes do planeta.

Ramon Ventura.

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