Nomes populares: jiboia-do-ribeira, jiboia-amarela
Nome científico: Corallus cropanii
Estado de conservação: Em perigo na lista vermelha da IUCN e na lista vermelha do estado de São Paulo; vulnerável na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
O gênero Corallus, o das jiboias, possui nove espécies conhecidas de serpentes. Dessas, quatro ocorrem no Brasil e uma delas, a Corallus cropanii, é extremamente rara e ameaçada e só é encontrada na Mata Atlântica do Vale do Ribeira, no sul do território paulista.
A jiboia-do-ribeira, ou jiboia-amarela, é tão rara que muito pouco se sabe sobre ela. A espécie foi descrita em 1953 pelo herpetólogo Alphonse Richard Hoge, do Instituto Butantan, quando um morador da pequena Miracatu levou até ele um exemplar vivo dessa cobra que, como todas do gênero, não é venenosa e mata suas presas por constrição.
De 1953 até 2017, ninguém mais viu uma jiboia-do-ribeira viva. Quer dizer, quem viu matou. E assim, outros cinco exemplares chegaram ao Butatan, mas todos eles já mortos. A população do Vale do Ribeira tem medo das cobras. Com pouco acesso a serviços de saúde, ninguém quer arriscar tomar uma picada de uma cobra venenosa e ficar sem socorro. Com isso, a rara jiboia-do-ribeira, muitas vezes confundida com a comum e peçonhenta jararacuçu, acaba sendo vítima do medo e da falta de conhecimento, dois algozes frequentes dos animais silvestres.
Por isso, a jiboia-amarela chegou a ser um mito no Vale do Ribeira. Muitos nem acreditavam que essa serpente realmente existisse. Mas essa história começou a mudar em 2014, graças ao trabalho de educação ambiental desenvolvido na região pelo biólogo Bruno Rocha e seus colegas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan.
O resultado do trabalho aconteceu no início de 2017, quando moradores de Guapiruvu entraram em contato com ele dizendo que tinham capturado um exemplar vivo. A divulgação das informações sobre a serpente deu certo e salvou essa fêmea da morte.
Assim, a Corallus cropanii começou a ser estudada, monitorada por transmissores. Se a sua anatomia já era conhecida desde 1953, sua biologia, o seu comportamento na natureza, era praticamente desconhecido. Esse exemplar, com 1,7 metro de comprimento e cerca de 1,5 quilo era um pouco maior que as jiboias-do-ribeira até então encontradas, que tinham entre 1 metro e 1,5 metro.
O que já se sabia também é que seu ventre é amarelo (daí um de seus nomes populares), que se alimenta de pequenos mamíferos e que tem uma série de pequenas fossetas ao redor da boca. Esses furinhos são órgãos altamente sensíveis capazes de localizar as presas por radiação infravermelha, ou seja, pela temperatura corpórea.
Quando subiu numa árvore assim que foi solta na natureza, essa fêmea confirmou as suspeitas de que é uma espécie arborícola. A cauda preênsil é fundamental para que ela literalmente serpenteie pelos galhos das árvores com agilidade.
Os estudos sobre a espécie continuam. Mais que apenas um exemplar de uma espécie rara, Dona Crô - como essa fêmea foi batizada pela população local - é prova viva da importância da educação ambiental e dos esforços de conservação da nossa riquíssima biodiversidade.
Ramon Ventura
Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Faunanews
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