Nome cientifico: Blastocerus dichotomus
Nome popular: cervo do pantanal
Tamanho: pode chegar a quase dois metros
Peso: chagando a pesar até 110 kg.
Local onde é encontrado: prosperou em boa parte da América do Sul, da Argentina à Bolívia, Paraguai, Brasil e Peru.
Habitat: Várzeas e florestas úmidas na região central da América do Sul.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção.
Um dos mamíferos característicos do Pantanal, o cervo-do-pantanal, pode ficar mais perto de sua extinção devido às mudanças do clima no mundo.
Estudos da Embrapa Pantanal, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), indicam que 75% desses animais podem morrer no período de 80 anos.
Esse cenário foi obtido a partir da análise de dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que identificou que a elevação da temperatura deve reduzir em até 30% a quantidade média de chuvas na Bacia do Rio Paraguai até 2100.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de probabilidades. O modelo estatístico usado indicou que há 60% de chance que a população dos cervos fique reduzida a um quarto do que existe hoje.
“O mesmo modelo revela que há 70% de probabilidade de a população cair pela metade até aquele ano (2100). Ou seja, as chances de o cervo ser afetado no Pantanal pelas mudanças climáticas globais são substanciais”, informou nota da Embrapa.
Os pesquisadores que conduziram o trabalho sobre as mudanças climáticas foram José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); Lincoln Alves, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); Roger Torres, da Universidade Federal de Itajubá/MG (Unifei). Ele foi publicado na revista Climate Research em 2016.
A análise sobre o impacto na vida dos cervos faz parte de dissertação de mestrado de Guellity Marcel Fonseca Pereira, que foi orientado pelo professor Marcelo Bordignon e co-orientado pelo pesquisador Walfrido Tomás, do Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal (MS).
“O cervo-do-pantanal se encontra na lista oficial de animais ameaçados de extinção no Brasil”, alertou a nota. Todos os dados que serviram para o trabalho foram coletados entre 1991 e 1993 e em 1998, 2000, 2001, 2002 e 2004. “É um dos raros casos de monitoramento de abundância de grandes animais feito por longo prazo no Brasil”, contou o pesquisador Walfrido Tomás.
Os pesquisadores identificaram que o cervo-do-pantanal já sofreu outros impactos, com períodos de secas, e sua população foi reduzida drasticamente. Contudo, com a regularidade das cheias, a espécie conseguiu recuperar-se.
Entre 1991 e 1993, a estimativa de população desses animais era de 40 mil a 45 mil indivíduos. Houve variação, entre 1903 e 2004, que a população flutuou entre 4,5 mil a 31 mil animais. A média estimada para o século 20 é de 20 mil cervos no Pantanal.
Esse tipo de animal pode medir até 1,91 m de comprimento e 1,27 metro de altura, pesando até 140 quilos. Ele é o maior cervídeo da América do Sul e o segundo mamífero terrestre brasileiro em massa corporal.
O cervo-do-pantanal é identificado pela sua pelagem, marrom-avermelhada. Os machos possuem galhada com três ou mais pontas de cada lado. O focinho, a cauda e as extremidades dos membros são negros. As orelhas, em formato arredondado e grande, apresentam longos pelos brancos no interior.
A alimentação desses animais pode ser de plantas aquáticas, gramíneas e leguminosas. Ataques podem ocorrer quando se sentirem ameaçados.
Em geral, andam sozinhos ou em pequenos grupos, formados por um macho, fêmea e o filhote. Por conta do risco que correm de desaparecer, estão na Lista Brasileira de Espécies Ameaçadas e no livro vermelho da União Internacional de Conservação da Natureza. No Uruguai ele já foi extinto e no Paraguai e Argentina encontra-se em situação crítica.
A pesquisa também indicou que será preciso implantar ações contra a degradação ambiental e ainda recuperar áreas que sofreram intervenção.
“É preciso tentar amortecer a redução de água nas inundações devido às mudanças climáticas globais, por meio da conservação de mananciais e nascentes, não drenando ambientes úmidos, conservando as florestas e evitando erosões. O pior cenário é a sinergia entre impactos das intervenções humanas no ecossistema e os efeitos das mudanças climáticas”, recomendou o pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Tomás.
Intervenções nos rios para melhorar navegação, construção de hidrelétricas são outras situações que precisam ser analisadas e podem contribuir para a extinção dos animais.
“Isso pode afetar todo o comportamento hidrológico na planície de inundação e, somando-se seus efeitos com aquelas advindos de mudanças climáticas, temos o desastre perfeito para a economia e para a biodiversidade. Uma tragédia anunciada”, reconheceu Tomás.
Ramon Ventura
Correio do Estado
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