sábado, 28 de setembro de 2024

CANELINHA

Nome popular:
Canelinha
Nome científico: Ocotea langsdorffii
Família: Lauracea
Tamanho: Um arbusto medindo cerca de 3 metros.
Onde ocorre: No Estado de Minas Gerais.


Canela lembra cravos, que lembra outras especiarias vegetais com aromas e sabores marcantes e que já valeram muito nos tempos das grandes navegações. Muitas espéciarias erão tão valorizadas quanto o ouro, o que é dificil de imaginar, já que hoje um pacotinho de cravo ou canela é muito barato. Como o nome popular "canela" são conhecidas diversas espécies que pertencem a família Lauracea. Várias são exploradas por sua madeira, como é o caso da canelinha, que são indiscriminadamente cortadas em níveis de exploração que são insustentáveis. Atualmente está ameaçada pela extração exagerada. Hoje ela só ocorre na ecorregião do Cerrado, em baixas densidades em uma área restrita da Serra do Cipó. No território mineiro.

A canelinha (Ocotea langsdorffii) é uma espécie vulnerável da Lista Vermelha da IUCN, ameaçada pela perda de habitat . Também está incluída na lista oficial de plantas brasileiras ameaçadas compilada pelo IBAMA. As leis estaduais de Minas Gerais para proteger populações de espécies dentro do Parque Botânico Estadual da Serra do Cipó ainda não são bem aplicadas.

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

BOTO-DO-ARAGUAIA

Nome popular:
Boto-do-Araguaia.
Nome científico: Inia araguaiaensis
Peso: Pode pesar mais de 200 quilos.
Tamanho: Pode atingir até dois metros e meio de comprimento.
Habitat: Bacia dos rios Araguaia e Tocantins e baía do Marajó.
Local onde é encontrado: Rios Araguaia e Tocantins, baía do Marajó e estuário de Curuçá, no Pará.
Motivo da busca: Espécie ameaçada de extinção!



Em 2014, foi anunciada a descoberta de uma nova espécie de boto que vive nas águas do Araguaia, rio que nasce em Goiás e corre por outros Estados próximos. Ele estava lá o tempo todo, nadando para lá e pra cá, mas era uma espécie diferente, que foi chamada Boto-do-Araguaia.

Sem qualquer diferença física em relação aos outros botos que chamasse a atenção dos pesquisadores, o Boto-do-Araguaia somente foi descoberto por meio de análise do DNA. Comparando no laboratório o código genético dos botos que habitam os rios da Amazônia, foi que eles perceberam algo diferente, algo novo no boto que habitava o rio Araguaia, como no tamanho do crânio e carga dentária.

Pesquisando um pouco mais, os cientistas constataram que na região de Belém e da baía do Marajó, alguns botos eram da mesma espécie encontrada nos rios Araguaia e Tocantins. Isso queria dizer que os Boto-do-Araguaia podiam ser encontrados além do rio Araguaia. Nadavam também no Estuário (área que fica entre o rio e o mar), e até na região costeira, próximo ao manguezal.

Ao que tudo indica, o Boto-do-Araguaia prefere viver nas proximidades dos portos de algumas cidades. Nesses locais acabam recebendo peixe fresco na boca dado pelos humanos. Os botos possuem dentes considerados muito resistentes, mas não são agressivos e não são considerados uma ameaça aos humanos. No entanto, eles costumam brigar entre si.

Os botos 'Inia Araguaiaenses' possuem um comportamento discreto, conforme o estudo. Eles aparecem na superfície da água e, em questão de segundos, desaparecem novamente.

Ainda é um mistério como a relação entre os humanos e os botos começou, mas de fato é que este contato faz muito sucesso com moradores e turistas. Sabemos, porém, que alimentar animais selvagens não é uma boa ideia. Além do risco de ficarem doentes por poderem receber algo diferente ou estragado, os animais tendem a se acostumar com a comida fácil e perderem as habilidades de caçar seu próprio alimento. Eles se alimentam de diversas espécies de peixes e não há nenhum tipo de ração ou produtos artificiais na alimentação deles.

Outra preocupação é que os Boto-do-Araguaia, descobertos há tão pouco tempo, correm risco de extinção. A bacia do Tocantins-Araguaia, que dá origem ao nome do animal, conta com inúmeras barragens construídas e outras estão previstas, como também a existência de hidrelétricas. Essas represas isolam as populações de botos e isso faz com que os animais se reproduzem entre si e se tornem mais frágeis, com maior risco de desenvolver doenças, por exemplo. A pesca e a poluição na baía do Marajó representam uma ameaça extra, além também do intenso tráfego de embarcações e, eventualmente, os ruidosos Jet Skis nos locais mais turísticos.

Conservar os ambientes em que vivem os Boto-do-Araguaia é a nossa forma de contribuir para que esta e outras espécies locais sigam o curso natural de suas vidas.



                                        Ramon Ventura.
                                        Salvatore Siciliano.
                            Instituto Oswaldo Cruz/FioCruz.
                                        Renata Emin-Lima.
                            Museu paraense Emílio Goeldi.
                                        Larissa Rosa de Oliveira.
                                        Unisinos e
            Grupo de estudos de mamíferos aquáticos do Rio Grande do Sul.
                                        Paulo Henrique Ott.
            Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e
            Grupo de estudos de mamíferos aquáticos do Rio Grande do sul.
                                        Revista CHC.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

LAGARTO-DE-CAUDA-VERDE


Nome popular:
Lagarto-de-cauda-verde.

Nome científico: Cnemidophorus littoralis.

Tamanho: Cerca de 07 centímetros de comprimento do corpo e 12 centímetros de cauda.

Local onde é encontrado: Apenas no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

Habitat: Restingas, vegetação que cresce na areia da praia, plantas rasteiras e arbustos.

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!



Ele mora na praia, pertinho do mar, onde exibe sua cauda comprida e charmosa. Esse pequeno réptil coloca ovos com cerca de dois centímetros de comprimento, dos quais nascem filhotes medindo apenas três centímetros de corpo.

Como o nome sugere, o Lagarto-de-cauda-verde não tem cauda azul nem amarela, ela é verde, é claro! curioso é que, em alguns lagartos, o verde da cauda é tão intenso que até parece fluorescente!

A cauda comprida e verde não é só uma alegoria, ela facilita o equilíbrio do lagarto na hora de andar e de correr, mas chama muita atenção, até mesmo dos predadores. Por isso, ele não hesita em soltá-la do corpo, caso se sinta muito ameaçado, comportamento conhecido como autotomia.

O Lagarto-de-cauda-verde tem a parte de cima do corpo alaranjado e com diferentes listras, que também servem para confundir o predador. Elas dão um efeito distorcido no corpo, ai, quando outro animal olha na direção do lagarto, não consegue perceber que ele está ali ou fica sem saber exatamente onde começa e onde termina o corpo dele. O tempo que o predador leva para entender onde estão as partes vitais, como a cabeça ou o pescoço, é suficiente para o réptil tentar escapar.

Machos e fêmeas dessa espécie são muito parecidos no tamanho e na coloração. Observando com muito cuidado é que podemos notar que alguns machos possuem a cabeça mais larga do que as fêmeas. A cabeça mais larga indica uma mandíbula também mais larga, o que geralmente está associado a maiores vantagens durante disputas por alimentos, fêmeas ou abrigo.

Cada fêmea coloca, em média, dois ovos e os escondem dos predadores, entre as folhas secas no solo. Após o nascimento, os filhotes não são cuidados pelos pais e exploram o ambiente em busca de alimentos por sua própria conta ou por instinto, como preferem os pesquisadores.

Falando em busca por alimento, o Lagarto-de-cauda-verde usa sua língua bífida, isto é, dividida ao meio como as das serpentes, para “sentir cheiro” de suas presas. Se uma larva de inseto, por exemplo, estiver enterrada na areia, eles conseguem perceber que ela está ali e começam a cavar até encontrá-la.

O Lagarto-de-cauda-verde é um animal importante para o equilíbrio do ambiente. Como se alimenta de insetos, ajuda a controlar as populações de cupins, besouros e mariposas, por exemplo. Por outro lado, é também presa das aves de rapina e de outros bichos. Nosso papel é preservar as áreas de restinga, onde esse lagarto vive, para que a própria natureza mantenha o seu equilíbrio.


                           Ramon Ventura,
                           Vanderlaine Amaral de Meneses,
                           Beatriz Nunes Cosendey,
                           Carlos Frederico Duarte da Rocha,
                           Departamento de Ecologia,
                   Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
                                   Revista CHC.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

CUÍCA-D'ÁGUA

Nome científico: Chironectes minimus.
Nome popular: Cuíca-D'água.
Tamanho: Seu corpo mede cerca de 40 centímetros e sua cauda 43 centímetros.
Peso: Aproximadamente, 600 gramas.
Local onde é encontrado: Do sul do México até o sul do Peru, parte central da Bolívia, sul do Paraguai e nordeste da Argentina, no Brasil, ocorre nos Estados das regiões sul, centro-oeste e sudeste.
Habitat: Florestas e matas ciliares, sempre associada a cursos d'água.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção.


Para conhecer a Cuíca-D'água, recomendamos uma lanterna e disposição para se molhar. É que esse animal só costuma ser visto à noite e, em geral, nadando e mergulhando. Ele não ganharia esse nome atoa, não é mesmo?

A pele é cinza marmoreada e preta, enquanto o focinho, olhos e coroa são pretos. Uma faixa mais leve desce pelas costas até as orelhas, que são arredondadas e sem pelos. Tem vibrissas nos bigodes e sob cada olho. A cauda, que é amarelada ou branca nas extremidades, tem pelo muito espesso e preto na base, mas é nua no restante. Tem pelo denso, macio e curto, de cor cinza claro e geralmente com quatro bandas largas no dorso castanho chocolate a preto. Possui uma linha dorsal preta que vai do pescoço até a cauda. Seu ventre é branco, suas orelhas são pretas arredondadas e os olhos são negros com brilho noturno amarelo.

As patas traseiras da Cuíca-D'água tem membranas semelhantes às dos pés de patos, o que ajuda bastante na natação. Enquanto nada, ela permanece com todo o corpo submerso, apenas a cabeça fica acima do nível da água, sua cauda funciona como um leme, orientando na direção a seguir. É na água, também, que esse animal consegue a maior parte de seus alimentos: peixes, anfíbios, crustáceos, insetos e, às vezes, algumas plantas aquáticas.

A Cuíca-D'água é um marsupial, assim como os coalas, cangurus, e gambás. Isso quer dizer que ela apresenta na região da barriga uma dobra de pele, o marsúpio. Nas fêmeas, o marsúpio (popularmente conhecido como bolsa), serve para dar continuidade ao desenvolvimento dos filhotes. Os machos também têm marsúpio, mas a função é proteger os testículos enquanto nadam.

Para dar à luz seus filhotes, a Cuíca-D'água constrói ninhos em tocas subterrâneas escavadas nas margens de rios e riachos onde vive. Normalmente, tem duas ou três crias por gestação. Os bebês Cuícas – logo depois de nascidos – vão para o marsúpio, onde ficam protegidos e mamando até estarem fortes o suficiente para viverem do lado de fora.

Mas, espere aí! Se Cuíca-D'água só vive debaixo d'água, como ela faz para evitar que os filhotes se afoguem? A resposta está no pelo. A pelagem desta espécie é curta e impermeável, não deixando passar água para dentro. Além disso, a abertura do marsúpio é voltada para trás, assim a fêmea consegue mantê-lo fechado, impedindo que a água entre enquanto nada.

Esse animal de hábitos curiosos é mais um na lista dos que estão ameaçados de extinção nos Estados da região Sudeste do Brasil. O desmatamento e as queimadas prejudicam o ambiente, ou melhor, as florestas onde o Cuíca-D'água vive. Para evitar o desaparecimento da espécie, é preciso criar novas áreas de preservação ambiental e ampliar as que existem. A escolha dessas áreas deve levar em conta os conhecimentos que os biólogos têm sobre os hábitos da Cuíca-D'água e de sua relação com o ambiente. Assim, quem sabe um dia você poderá conhecer essa grande nadadora ao vivo?



                                      Ramon Ventura
                                     Jânio Cordeiro Moreira
                                     Laboratório de mastozoologia.
                                     Departamento de Zoologia.
                                     Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
                                               Revista CHC.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

ARAPONGA

Nome científico:
Procnias nudicollis.
Nome popular: Araponga.
Tamanho: 30 centímetros de comprimento.
Local onde é encontrado: na Mata Atlântica. No Brasil, do sul de Alagoas até o Rio Grande do Sul e ao sul de Mato Grosso do Sul.
Hábitat: Interior de florestas bem conservadas e também em áreas abertas, próximas às florestas, caso haja árvores com frutas.
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção

Entre as aves cantoras mais famosas, a araponga se destaca porque produz um som muito alto – muito alto mesmo! Seu canto é estridente, parece o som de um martelo batendo em uma bigorna: “Pengue!” Por conta disso, ganhou o apelido de ferreiro e é considerada uma das vozes mais potentes da Mata Atlântica.

A araponga também chama a atenção por sua plumagem. O macho é totalmente branco, com a garganta e a região em torno dos olhos sem penas e de cor azul-esverdeada. A fêmea é mais discreta. Apesar de ser colorida, sua plumagem tem tons claros: o dorso é verde-oliva, os lados e o topo da cabeça se apresentam em cinza e a garganta, que também é cinza, tem listras esbranquiçadas. Ela tem, ainda, a barriga amarelo-pálido com listras verde-oliva. O bico, tanto do macho quanto o da fêmea, é preto.

Falando em bico, esta é uma parte em que a araponga se diferencia bastante da maioria das aves, pois pode abri-lo muito. É assim que ela consegue abocanhar frutos grandes, como os da palmeiras, que são cortados e engolidos aos pedaços; já os pequenos frutos, ela engole inteiros.

Mesmo ouvindo seu som pela floresta, é difícil avistar a araponga porque seu canto ecoa entre as árvores, dando a sensação de que vem de vários lados. Além disso, esta ave voa alto e costuma pousar na copa das árvores, o que dificulta ainda mais sua observação. Na época da reprodução, o macho escolhe certos galhos na vegetação e ali canta vigorosamente durante o dia. Sua cantoria atrai a atenção de fêmeas, que visitam o macho nesses galhos. Se ela gostar da exibição, namora com ele.

Sua reprodução ocorre no final do ano. A fêmea põe um ovo de coloração pardo-avermelhada. O período de incubação é de 23 dias e os filhotes saem do ninho com 27 dias de idade. Seu ninho tem o formato de uma tigela rasa. Entre os materiais que usa para construí-lo estão os musgos e as raízes de epífitas – um tipo de planta que utiliza arbustos e árvores como suporte.

Como as outras espécies da sua família, a araponga desempenha um importante papel na manutenção das florestas. Ela espalha as sementes das plantas das quais se alimenta por meio das fezes ou do regurgito, ou seja, quando vomita as sementes que engoliu.

A araponga está ameaçada de extinção pelo desmatamento de seu habitat e – imagine – por sua cantoria! Seu canto atrai caçadores, que capturam a ave para vender. Denuncie, caso veja uma ave dessas à venda, para que a araponga continue a soltar sua voz em liberdade e continue a espalhar sementes na floresta, ajudando a manter a Mata Atlântica.


                                     Ramon Ventura
                                    Lívia Dias Cavalcante de Souza
                                    Luciana Barcante e
                                    Maria Alice S. Alves
                                    Departamento de Ecologia
                                    Universidade do estado do Rio de Janeiro
                                    Revista CHC.

domingo, 18 de junho de 2023

FAVEIRO DE WILSON

Nome popular: Faveiro-de-Wilson
Nome científico: Dimorphandra wilsonii
Família: Fabaceae
Onde ocorre: Na região de Paraopeba, Estado de Minas Gerais.

Já viu a expressão "Favas contadas"? Ela surgiu da época do Império, quando, nas votações, eram usadas para contabilizar os votos: As brancas, indicando sim, e as pretas, o não. Mas, afinal de contas, o que são favas? São os frutos das leguminosas, mesma família botânica do feijão, da soja e do amendoim. Assim, a planta que produz favas é chamada de faveiro, como o Faveiro-de-Wilson.

É uma espécie com o hábito arbóreo podendo chegar até 17 metros de altura, e cerca de 1,12m de diâmetro. Possui folhas grandes, bipinadas, com pinas opostas ou subopostas (5 a 15 pares de pinas), apresenta folíolos elípticos densamente pilosos em ambas as faces quando jovens, sua base é arredondada e o teu ápice obtuso ou atenuado. Apresentam também uma nervura primária imersa na face axial e proeminente e densamente pilosa na abaxial.

Suas flores são hermafroditas - amarelas e pequenas, possui um cálice urceolado; corola com 5 pétalas espatuladas bem evidente. Os estames 5 são epipétalos e glabros; as anteras são rimosas, introrsas, e um ápice dilatado. O ovário é fusiforme, anguloso e glabro. O estilete é bem espesso, mas em geral recurvado; estigma é do tipo punctiforme.

A semente possui o formato elíptico a reniforme, sendo o ápice oblonga e algumas vezes levemente recurvada, medindo cerca de 17,9 mm; e uma largura média de 6,7 mm. A testa da semente é do tipo córnea com superfície lisa e brilhante, de coloração marrom a avermelhada.

Os frutos dessa espécie medindo cerca 15 à 25cm de comprimento, liso, espesso e rígido, sendo sua casca externa na cor marrom escuro. Internamente apresenta uma polpa alva e são intensamente coletados por porque produzem uma substância medicinal chamada rutina, usada para tratar problemas circulatórios, mas, acredite, essa mesma substância é tóxica para o gado – por isso, os pecuaristas eliminam o Faveiro-de-Wilson de pastagens naturais em áreas do cerrado onde vivem. Por essas razões, a espécie já era considerada rara quando foi descoberta, e hoje restam poucos indivíduos adultos. Tentando conservar a planta, a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte desenvolve um programa de estudo especial sobre o Faveiro-de-Wilson.



                                Ramon Ventura
                                Marcelo Guerra Santos
                                Núcleo de pesquisa e ensino de ciências
                                Universidade do Estado do Rio de Janeiro
                                Paulo Takeo Sano
                                Instituto de Biociências
                                Universidade de São Paulo.

domingo, 23 de abril de 2023

GUIGÓ DE COIMBRA FILHO

(foto: Eduardo Lacerda\TG)
Nome científico: Callicebus coimbra.
Nome popular: Guigó-de-coimbra-filho.
Tamanho: Até 83 centímetros
Local onde é encontrado: No Estado do Sergipe e no norte da Bahia, na região nordeste do Brasil
Habitat: Fragmentos de Mata Atlântica
Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!



O grito do Guigó já assusta, pois é bem alto. Mas quando macho e fêmea soltam a voz juntos para defender seu território, melhor tapar os ouvidos. Eles formam um dueto que grita bem alto na floresta. Uma forma de assustar os grupos invasores.

O Guigó-de-coimbra-filho é uma das mais recentes espécies de primatas descobertos. Foi descritas pelos cientistas em 1999 e batizada em homenagem a um ilustre primatólogo brasileiro Aldemar Coimbra Filho.

Esse pequeno primata vive em grupos que variam entre dois e cinco indivíduos. Quando adultos, além de cantarem em dupla, gostam de viver juntos por toda a vida e criar seus filhotes. Em geral, esta espécie tem apenas um filhote por ano. A gestação dura cerca de seis meses e, quando o bebê Guigó nasce, é o macho quem o carrega. A fêmea amamenta o filhote até os seis meses de idade e, depois disso, o pequeno primata já é considerado independente.

É na floresta que vive o Guigó-de-coimbra-filho, em um espaço chamado extrato médio, que fica em uma altitude de cinco a nove metros. Ali, pendurados nos galhos, eles gostam de descansar a maior parte do tempo. Preferem comer frutas, mas costumam consumir também folhas, sementes, flores e alguns insetos.

A derrubada da floresta para a criação de gado e agricultura e os constantes incêndios são as razões da diminuição do espaço que esse pequeno Guigó precisa para viver.



                                        Ramon Ventura
                                        João Pedro Souza-Alvez
                            Laboratório de Biologia da conservação
                                Universidade Federal de Sergipe
                                               Revista CHC.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

CASCUDO

Nome científico: Pareiorhaphis garbei
Nome popular: Cascudo

Tamanho: Até 14 centímetros 

Local onde é encontrado: Mata Atlântica

Habitat: Riachos costeiros do Estado do Rio de Janeiro

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção! 


Ele é forte. Seu corpo é coberto por placas ósseas, gosta de viver em meio às correntezas de riachos localizados em áreas de Serra de Mata Atlântica. Boa parte do tempo ele passa pastando no fundo desses riachos. Opa! Opa! Opa! Estava indo tudo muito bem, mas essa história de pastar debaixo d 'água…


Pois é, caro leitor, por mais estranho que pareça, estamos falando de um peixe que tem o hábito de pastar. Explicando melhor, ele usa sua boca grande, larga e cheia de dentes miúdos para raspar as algas que crescem no fundo desses cursos d'água. Nesse movimento, consegue capturar também alguns insetos aquáticos, outro item de sua alimentação.


Assim é a vida do Cascudo Pareiorhaphis garbei, espécie rara e ameaçada!

Machos e fêmeas desta espécie são bem diferentes. O macho tem longo espinhos na lateral da cabeça e no início das nadadeiras peitorais, que não são encontrados nas fêmeas. Em relação à reprodução, os pesquisadores sabem tão pouco sobre esta espécie que sequer descobriram a época do ano em que as fêmeas desovam.

No rio Macaé, um dos poucos lugares onde é encontrado, este cascudo enfrenta uma grande ameaça à sua sobrevivência: A companhia das Trutas-Arco-Íris. Esses peixes exóticos - ou seja, que originalmente não pertencem a nossa fauna - são predadores vorazes e, por isso, representam perigo ao cascudo.

As Trutas-Arco-Íris foram introduzidas no Brasil há mais de 60 anos, para servir de estímulo à pesca esportiva e promover a piscicultura, ou seja, o cultivo dos peixes para o consumo humano. Desde então, tem causado uma série de problemas ambientais. Este fato nos mostra que ameaça de extinção não resulta apenas na destruição de habitat ou da caça ilegal. Inclui outros fatores para os quais os órgãos responsáveis pelo meio ambiente precisam estar atentos.



Ramon Ventura

Jean Carlos Miranda

Departamento das ciências exatas, biológicas e da terra

Universidade Federal Fluminense

Sergio Maia Queiroz Lima

Departamento de Botânica, zoologia e ecologia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Henrique Lazzarotto

Departamento de ecologia

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Revista CHC.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

RATO DO CACAU


Nome popular:
Rato-do-cacau ou Saruê-bejú

Nome científico: Callistomys pictus.

Tamanho: 52 a 61 centímetros de comprimento (incluindo a cauda) 

Local onde é encontrado: Mata atlântica do sul da Bahia

Habitat: Florestas

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!

E entre um cacaueiro e outro que vive o Rato-do-cacau. Uma espécie típica do sul da Bahia, região onde crescem plantações da saborosa fruta, que é matéria-prima de uma iguaria ainda mais gostosa, o chocolate!

O Rato-do-cacau é muito arisco, e os pesquisadores sofrem para observá-lo. Ele se esconde muito bem na cabruca, ambiente formado pela mistura de cacaueiros e outras espécies de plantas. É quando a noite chega que o Rato-do-cacau sai pela mata, para procurar folhas e frutos. E, ao perceber que está sendo observado, se esconde novamente, principalmente nos ocos das árvores e nas bromélias que crescem no mato.


Essa dificuldade em observar o Rato-do-cacau faz com que os pesquisadores saibam pouco sobre a espécie. As técnicas de observação que os cientistas usam com outros mamíferos - como atraí-los com alimentos - não funcionam com ele. Sobre sua reprodução, os pesquisadores suspeitam  de que cada fêmea tenha apenas um filhote por ano.


Talvez seja a falta de lugar para morar a maior ameaça ao Rato-do-cacau, pois quase toda a floresta nativa do sul da Bahia, onde vive o roedor, já foi desmatada. Boa parte do que resta está nas cabrucas, que estão sendo derrubadas para dar lugar as pastagens.


O Rato-do-cacau resistirá apenas se ajudarmos a preservar o que resta das florestas baianas. Espalhe essa ideia!



                Ramon Ventura

                Henrique Caldeira Costa

                       Instituto de ciências biológicas

                    Universidade Federal de Viçosa - Campus florestas

                                                    Revista CHC.

sábado, 8 de abril de 2023

GALITO

(Foto: WikiAves)

Nome científico:
Alectrurus tricolor.

Nome Popular: Galito.

Tamanho: Fêmeas medem de 12 a 13 centímetros de comprimento, aproximadamente, e machos podem chegar a 19 centímetros. 

Local onde é encontrado: Predominantemente no Cerrado, tendo sido registrado mais recentemente no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, Goiás e no Mato Grosso do Sul. 

Habitat: Campos abertos, onde pode se equilibrar em finos ramos, nos cerrados brasileiro.

Motivo da busca: Animal ameaçado de extinção!


Parente menos famoso do Bem-te-vi, que pelo canto você deve conhecer, o Galito também tem lá suas habilidades. Faz malabarismos no ar, como um pequeno avião. Não é o máximo?


A exibição aérea geralmente ocorre quando ele sai em busca de alimento. Mira suas presas - sejam mariposas, borboletas, libélulas, gafanhotos, moscas ou abelhas - e vruuum!!! mergulham no ar para capturá-las numa bicada certeira.


Há diferenças marcantes entre entre os Galitos macho e fêmea. O macho tem a cauda negra em forma de leque e o corpo apresenta um desenho branco em forma de "V" no dorso e um faixa peitoral negra incompleta. Já a fêmea é parda, com a região da garganta branca e asas e cauda mais escuras.


Na época reprodutiva, a cauda do Galito macho se torna mais avantajada, favorecendo as curiosas manobras que faz no ar para atrair a fêmea. A cauda chega a formar um angulo de 90º com o corpo e o espetáculo no céu é bonito de se ver.


Quando formam um casal, a fêmea assume muitos afazeres: constrói com capim seco o ninho em forma de taça diretamente no solo, escondido em meio às gramíneas altas. Os filhotes saem do ninho após 13 dias de nascidos. Ficam camuflados na vegetação, sendo alimentados e protegidos pela mãe até que consigam realmente voar.


O ambiente natural do Galito, principalmente o solo onde os ninhos são construídos, vem sendo utilizado para plantações e criação de gado. Mas é preciso que haja um planejamento e fiscalização para essas atividades. Do contrário, com o desaparecimento desse habitat, o Galito corre sério risco de extinção!



Ramon Ventura

Sávio Freire Bruno.

Faculdade de Veterinária

Instituto de Biologia  

          Universidade Federal Fluminense

Revista CHC.